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Aqui, querido leitor, é sempre aquela história: nossos pesquisadores decidiram enfrentar esse tema como sempre fazem com temas difíceis. Vamos falar a verdade: quem nunca pensou ‘eu sou um, sou único’ e tudo que não seja um é outro, e sendo outro, não será um, e, não sendo um, não serei eu. Não sendo eu, não tenho como garantir nada de bom e verdadeiro.
O que aqui está em questão é que todos uns, ou melhor, todo um, pensa, do outro, o que o outro pensa do um, e aí o pensamento parece entrar em uma espiral infernal, em rodopio de louco, em rabo correndo atrás de cachorro: todos iguais pensando ser diferentes, querendo ser diferentes, considerando que a condição de ser nada mais do que o nada que é, ainda é melhor assim do que vir a ser algo que até pode ser melhor, mas que tem uma limitação terrível: é o outro.
Por amor à verdade, devemos falar que essa pesquisa teve uma parte dela realizada em nossas dependências caninas – não, não foi em um canil! Nesse caso, fizemos o seguinte: ao fazer as perguntas, colocamos em frente ao respondente um espelho, para ver como ele respondia às perguntas, sabe, uma espécie de ‘espelho, espelho, meu’.
Foram diversas perguntas, mas a que mais nos chamou a atenção foi aquela que colocamos acima: Se você pudesse ser algo melhor do que você, mas considerando que esse algo melhor fosse alguém que você detesta, o que você faria? Você não gostaria de ser melhor, sendo como esse alguém que você detesta, mas que a realidade está mostrando que é melhor que você, tanto que você, mesmo detestando, reconhece que sim entre quatro paredes?
Surpreendente é que diversos respondentes disseram que só responderiam essa pergunta se essa mesma pergunta fosse feita para os seus desafetos, porque eles se achavam no justo direito de saber o que quem os detestava mais admirava neles. Mas aí seria fraudar a pesquisa!
Percebemos que o máximo que os respondentes (todos: os uns e os outros, trocando de posição) estavam dispostos a fazer é algo assim como uma funilaria-e-pintura no jeito próprio de ser.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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