A coisa toda parece meio esotérica, difícil, mas nossos pesquisadores esclarecem que não é bem assim.

Inicialmente, eles esclarecem que o signo aqui não deve ser entendido como alguma entidade astrológica, saturniana, lunática, plutônica, vindo de dimensões extra-galácticas a dirigir nossa vida, sem que possamos dizer não.

Por signo, deve-se entender aqui todo tipo de ocorrência da vida humana. Uma informação é um signo. Uma cebola é um signo. Um ônibus é um signo. Uma vespa é um signo. Uma ambrosia é um signo. Um câncer é um signo. Um clipe é um signo. Um dinossauro é um signo. A imagem de um dinossauro é um signo.

Tudo, vivo ou morto, é um signo, quer dizer, é uma representação que se faz do que existe por conta própria, só que não exatamente. E quem, ou o quê, é responsável por dar vida ao signo? É justamente esse órgão que você, leitor, está arregalando ao ler essa informação, o olho. Muito estranho? Estranha é a vida, não nós, os Canis&Circensis! É claro que existiu vida antes de o homem existir, e vida da melhor qualidade, antes de nós começarmos o sistemático trabalho de destruir toda a beleza e a diversidade da existência. Mas, a pergunta de nossos pesquisadores é muito simples: se não houvesse um olho para olhar um signo, de que este valeria? É claro que as coisas lá entre elas é uma coisa; outra são essas mesmas coisas quando o olho humano começou a fazer seu trabalho de xeretar o que estava à sua volta. Gostou do xeretar? Alguns de nossos pesquisadores pensaram em verbos muito mais fortes, alguns impublicáveis, mas parece haver uma concordância entre eles: qualquer coisa é uma coisa em si mesma (que nós homens jamais saberemos o que é, apenas podemos especular) e outra coisa depois de olhada por olhos humanos e, tendo sido olhada, pode ser entendida e catalogada, sem dizer que pode ser vendida, espoliada, arrebentada, aviltada, explorada, comercializada por esse assassino visual que é o olho humano. Por outro lado, que alternativa elas teriam: ser apenas o que são? Estariam contentes com isso? Ou a sanha ocular humana, ao dar mais vida a elas, matou-as na mesma medida?