Pau nascido torto para sempre torto? Ou haveria alguma possibilidade de desentortar o tal do pau? Pau tem direito de achar que pode se retificar (ou ser retificado) ou seria pretensão do pau querer sair da sua natural posição de tortura, ou torteza, para passar a ser algo assim mais reto que régua, que coluna de general e obsessão de um alucinado qualquer?

Na verdade, nossos pesquisadores estavam interessados em saber se “uma vez assim, nada de assado”. Ou se, na posição oposta, para não dizer mesmo totalmente contrária, haveria uma possibilidade do assim virar assado. Bem, pensaram eles, aí teria que ser discutido do que estamos falando, de quem estamos falando, sobre qual assunto e com a ajuda de quem (ou se o pecador vai ter que se virar por conta própria).

Por exemplo: o traíra do seu colega de serviço (que acreditamos deva achar o mesmo de você!) não trabalha assim nem com reza brava; não há Cristo que faça o desinfeliz colocar a mão na massa – pergunta: se ele sempre foi assim, haveria algum jeito de ele, sei lá, ao menos fazer o café no serviço (ele só leva pro chefe, desde que o café esteja pronto – e ele não se responsabiliza pelo gosto, porque não foi ele que fez), ou é melhor esperar sentado, porque não vai acontecer tipo assim nunca? Se isso acontecer, então, ele estará confirmando a tese de que ele será sempre ele (mesmo porque, na opinião dele, não há nada melhor para ser do que ser ele mesmo, e pecador é todo mundo, menos ele).

Outro exemplo (esse nós conseguimos apurar que foi o seu colega-traíra falando de você): ele diz que quem não trabalha é você, que você é que é um tremendo breque de mão puxado, que só faz as coisas no tranco, que na hora de trabalhar é uma lesma-lerda, cheio de justificativas, cheio de ‘não-é-comigo’, deixa aí na mesa que depois eu dou uma olhada (coisa que, segundo ele, você nunca vai fazer, e que, se fizer, será assim muito de relance, e o processo vai ficar lá mofando e que, quando o chefe vier cobrar, você vai arrumar um jeito de desviar o rumo do míssel).

Quem está certo: você ou o seu coleta-traíra? Ou receberemos de ambos a mesma resposta? Ou, você ou ele serão os mesmo de sempre? Prometemos não publicar nem a sua resposta nem a do seu colega-traíra, como sempre fazemos nesses casos.