Nós aqui da Canis&Circensis achamos que o bobo goza frequentemente de um injusto papel na sociedade, mais exatamente, a sociedade tem dele uma visão no mínimo distorcida. Comecemos do começo.
Então, o bobo é o palhaço, o idiota da história, o desavisado, o que não está entendendo nada – um bobo além de tudo burro, portanto.
Há também a visão clássica do bobo da corte, aquele sujeito baixinho, feioso, que devia sua vida à sua capacidade de fazer rir o rei e os inúteis restantes da corte, que não podiam ser molestados nem contrariados.
Ok, vamos admitir inicialmente que essas situações existem. Mas somente elas dão conta da totalidade da complexidade do que significa ser bobo? E de que, quando falamos de bobo, falamos também do seu suposto oposto, o esperto? Nossos pesquisadores queriam ir além desse primarismo.
Assim, perguntavam-se: não existiria bobo que de bobo tem pouca coisa? E o esperto, esse existiria assim do nada? Perguntavam-se ainda nossos pesquisadores: as situações da vida não fariam aparecer um e outro – o bobo e o esperto – de acordo com a necessidade das circunstâncias? Tipo assim: não é interessante para o vivo fingir-se de morto para abiscoitar o u do pobre do coveiro? De modo semelhante, aquelas muitas situações na vida em que o sujeito, para levar alguma vantagem, dá uma carteirada em alguém, sendo chamado não apenas de esperto, mas de espertinho?
Se essa linha de análise estiver correta, nem um nem outro – bobo e esperto – seriam assim porque são assim, ainda que alguns sejam mesmo. Mas, o que definiria a condição de um e de outro seriam as condições da vida e a maneira como se reage a elas?
Bem, se a receptividade aqui nesse espaço for a mesma do momento da pesquisa, que venham as vaias e os ovos, afinal, quem quer ter dentro de si tanto um como o outro?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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