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Elogio cobra juros e correção monetária

Para esmiuçar este aforismo, nossos pesquisadores partiram de uma situação muito comum: as dívidas de todos nós. É cada vez mais difícil encontrar alguém que esteja totalmente no azul: se não está devendo para o dono da venda na esquina, está devendo para o colega de serviço; se não está devendo para a mãe (que fez um empréstimo consignado para ajudar), está devendo para o agiota.

Mas, como dívida é um lamaçal, a pessoa, para tentar tirar o pé da lama em que se encontra, e tentar pagar todas as dívidas mencionadas no parágrafo acima, acaba na verdade enfiando ainda mais o pé nela. Como? Pedindo um empréstimo ao banco. Assim, a dívida acaba mostrando sua cara: é um câncer, que cresce até levar a vida do sujeito a uma metástase financeira.

Até aqui, nenhuma novidade sobre a ciranda, cirandinha do endividamento, mas, você, leitor atento, deve estar se perguntando: o que tem a ver o c.. com as calças … ôpa! as dívidas com o que consta no aforismo, o elogio?

Elogio não é mesmo tudo de bom? Que mulher não gosta de ser elogiada por sua beleza? Por seu encanto? Pelo charme? Pela forma física? Pela sensualidade? Pelo encanto? Pelo perfume que usa? Por seus dotes culinários? Pelo bom gosto na escolha das roupas?

Que homem não gosta de ser elogiado por sua sagacidade? Por sua inteligência? Por suas conquistas amorosas? Por seus progressos profissionais? Por seu sucesso financeiro? Pelo novo carro esporte importado que comprou? Pela esperteza?

Até aqui, também, tudo bem: elogio é melhor que porrada (os masoquistas protestariam, colocando em riste seus chicotinhos, correntes, correias, roupas de couro e cintos pontiagudos). Mas, pensaram nossos pesquisadores: além de ser bom, elogio é também gratuito? Teriam nossos pesquisadores descoberto o verdadeiro elixir da vida: bom e de graça?! Elogio que não pede nada de volta, nada em troca?! Elogio – a mais pura e desinteressada das atitudes, feito por pessoas igualmente puras e desinteressadas?

Na verdade, a pesquisa parou por um detalhe. Um de nossos pesquisadores decidiu incluir o seguinte questionamento: uma dívida financeira pode ser resgatada algum dia (mesmo às custas da vida do endividado); mas ficar o resto da vida elogiando não é um preço alto demais para continuar vivendo?

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