Concordamos que o que não falta no mundo é pobre. E assim foi desde que o pobre mundo começou a se configurar. Muito, mas muito mais pobre do que qualquer outra coisa é o que tem por todo lado. Nesse Aforismo, nossos pesquisadores não exploraram as raízes desse problema, que faz do mundo o pobre mundo que sempre foi, e se tem gente com mais culpa no cartório que outras gentes, tipo assim gente que tem muito dinheiro porque tomou o dinheiro de muita gente, assim na mão grande mesmo, na cara dura, e tudo isso com a cara de legalidade.
Mas, voltando à pobreza de sempre. Tem muita gente que diz que um ser humano pode ter as mais diversas características, mas para se caracterizar enquanto tal, não seria possível existir ser humano que não tivesse um mínimo de compaixão com outro ser humano – aqui, estamos considerando ser humano não todo mundo, porque, aí, deveriam ser incluídos os-mão-grande que tomam a grana de quem pouco tem, mas apenas gente-bem. Então, solidariedade acima de tudo.
Mas, perguntaram-se nossos pesquisadores: até que ponto pode e deve ir a solidariedade? Dar dois reais para quem pede? Ok. Dar um prato de comida a quem passa fome? – ok; dar um cobertor a quem passa frio? – ok; dar um sapato a quem está descalço? Ok. Mas, durante a pesquisa, nossos pesquisadores receberam muitas respostas que apresentamos agora a você. No caso dos dois reais, tomar cuidado para não confundir a nota de dois reais com a nota de cem reais, que são muito parecidas – cem reais é demais! No caso da comida: um prato, ok, mas também não precisa ser camarão na moranga! No caso do cobertor, ok, mas também não precisa ser um fino edredon. No caso da falta de sapato, ok, mas também não precisa ser um sapato feito à mão, e de cromo alemão!
Nossos pesquisadores ainda estão tabulando as respostas, mas estão desconfiando do seguinte: de modo geral, a turma até dá alguma coisa, mas assim tipo não muito. Nada daquela história de deixar de lado toda a riqueza e seguir quem pregava a pobreza e virar um pobre. Mais um pobre no mundo?
Um de nossos pesquisadores pensou no seguinte: vamos produzir dois tipos de fotos e enviar pros respondentes da pesquisa. Uma foto seria cada um deles dando dois reais, ou um prato de comida, ou um edredon, ou um sapato. E outra caracterizando quando um deles como o pobre para quem querem dar dois reais, ou um prato de comida, ou um edredon, ou um sapato. Quer dizer, a pobreza na real, mesmo!
Leitor, você acha que funcionaria?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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