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O senhor é o mais abjeto dos escravos

Quem manda não depende de ninguém? Mandar não depende de quem obedeça? Ou seria possível ser senhor sem ter quem concorde com essa senhoria? E quem concorda ganha o quê, concordando, se senhor só pode ter um?

Nossos pesquisadores estavam intrigados com essa situação, e tudo começou quando um de nós colocou uma música de alguém que venderia milhões de músicas, não importa o suporte. Não vamos dizer quem é esse super vendedor, nem se é homem ou mulher, mas nossos pesquisadores, ao pesquisarem vida e obra de tal sumidade repararam que a cada passo em direção a mais um milhão ele(a) ficava mais parecido com quem já tinha passado por situação semelhante, tendo sido também um grande vendedor de música. Tudo, se não igual, muito parecido.

Ora, essa situação aguçou a mente audaz de nossos pesquisadores. Então, quanto mais dinheiro, mais parecido? Quanto mais e mais dinheiro, mais e mais com a mesma cara, mais e mais do mesmo? Afinal, ele, o super vendedor, é o senhor, ou o senhor é o dinheiro, sempre será o dinheiro o senhor? Então, nessa cadeia de servidoria, ou serventia, se você preferir, teríamos o escravo, lá embaixo, o senhor vendedor que pensa ser o senhor, e o senhor, esse sim o senhor de fato, o senhor de tudo e de todos, o dinheiro – seria isso? Não sabemos se você concordará, mas pareceu aos nossos pesquisadores que essa lógica parecia estar presente em todos os campos da vida.

A lógica seria a seguinte: ninguém é senhor sem escravo, quer dizer, ninguém está acima e em cima se não tiver ninguém embaixo e abaixo, sustentando. Que sentido teria um senhor que tivesse escravos ao lado, do lado, por todo lado, à direita e à esquerda? Aí, ele não seria senhor, mas mais um escravo! Se os escravos saírem de baixo, adeus senhor – então, quem tem que manter escravos embaixo e abaixo é o senhor. Então de novo: quem depende de quem? Por acaso, o senhor seria escravo dos escravos? Escravo de sua lealdade de escravo? Escravo de sua escravidão de escravo?

Nossos pesquisadores estavam bem incomodados com a situação a que a lógica do estudo desse Aforismo levou. Eles ficaram com a estranha sensação de que quem está preso em uma roda viva de escravidão, para começar, é o senhor – o que você acha, leitor?

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