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Cohecereis a verdade e ela colocará uma arma em tuas mãos

Como todos sabem, a verdade desfruta de um prestígio como quase nenhuma outra qualidade à disposição do homem. Este fato não escapou aos nossos pesquisadores, que vira e mexe estão pesquisando aforismos relativos a ela. Esse é mais um caso. Neste caso, o objetivo deles era tentar entender por que a verdade, sendo vendida como alguma coisa que, dadas as suas características, se justificaria por si só, não conseguiria, por estranho que pareça, impor-se por conta própria, precisando, assim, de uma “forcinha”. No mais das vezes essa “forcinha” seria um instrumento que, por mais estranho que pareça, não teria nada a ver com a verdade, em um primeiro momento. 

Esse instrumento variou muito ao longo do tempo, beneficiando-se do desenvolvimento tecnológico, mas, em nenhum período histórico deixou de marcar presença. Os nomes são muitos: cimitarra, espada, sabre, revólver, metralhadora, tanque de guerra, bola de ferro, soco inglês, lança, armadura, faca, canivete, porrete, taco de beisebol. Na falta de um desses denominados instrumentos, qualquer objeto cortante, perfurante ou capaz de provocar danos físicos poderia ser usado para mostrar que ninguém vai fazer a verdade de palhaço e que ela não está aí para brincadeira.

Nossos pesquisadores apuraram que a constante presença de um (ou vários) desses instrumento ao lado da verdade faz pensar que entre eles existe uma cumplicidade verdadeiramente orgânica. Um não vive sem o outro; sem um, o outro não existiria. A proximidade entre eles é tanta, que um poderia passar pelo outro sem que ninguém notasse: gêmeos idênticos, a verdade e uma arma. Ou mesmo irmãos siameses, separáveis só às custas de intervenção cirúrgica.

Para pesquisar este aforismo, nossos pesquisadores estão trabalhando com várias hipóteses. Uma delas é que a verdade poderia ter sido sequestrada pelos fabricantes de arma. Refém de interesses inconfessáveis, a verdade estaria sendo usada como garota propaganda para veicular mensagens belicistas, incentivando disfarçadamente a discórdia entre irmãos. Pior: estaria sendo usada também como laranja para lavagem de dinheiro, às vezes ganho ilegalmente, mas muitas vezes ganho legalmente, com as benções dos poderes constituídos.

Verdade, uma inocente útil?

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