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A alma, esta corruptora, tenta a todo instante o corpo, este corruptível

Será que o corpo seria um ingênuo, um bobinho, um aproveitador, só a fim de se divertir, sem esquentar a cabeça (aqueles corpos que têm uma!) com as consequências, ao contrário da alma, a prudência em pessoa (com o perdão da incompatibilidade), fazendo todo o esforço do mundo para controlar o incontrolável, para colocar um freio no insaciável? – esse é o tema a que se dedicaram nossos pesquisadores, tentando entender se não estaria havendo uma inversão de responsabilidades? Mais exatamente: não seria a insaciável da história justamente a alma, a verdadeira louca da casa, jogando a culpa nas costas do corpo, obrigado a pagar por pecados que não são seus, trabalhando no limite de suas forças para atender os caprichos da verdadeira (i)rresponsável por tudo?

Nossos pesquisadores estão indo além, e pensando no seguinte: não dizem por aí, a torto (muito) e a direito (muito mais) que o corpo é “alguma coisa” incapaz de se regular por conta própria, de se controlar por conta própria, e que, assim, só restaria ser conduzido a ferro e fogo por “alguma coisa” maior, mais alta e mais desenvolvida do que ele? Ora, pensaram indignados nossos pesquisadores: se ele-corpo não é capaz de se auto conduzir, de pensar por conta própria, por que nas vezes em que isso ocorre (quando?) o resultado seria lascívia, lassidão, pecado, desvirtuamento, erros, erros e mais erros em cima de erros? Corpo errando na mosca!

Mas, e como você, nosso leitor assíduo sabe, sempre tem (pelo menos) um mas, e se tudo não se passasse exatamente ao contrário do que se passa? Nossos pesquisadores pensaram assim: e se tudo não passasse de uma grande jogada de marketing da alma?

E se alma – essa sim a verdadeira desmedida, passando um cheque sem fundo atrás do outro, e o corpo que se virasse para cobrir o rombo! -, estivesse o tempo todo vendendo gato por lebre?

Acusando o corpo dos pecados que ela comete?

Gritando em alto e bom som ‘pega, ladrão’ quando a ladra é ela?

Que feio, hein, dona alma!? Que feio!

 

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