Não sabemos, leitor, se você é homem, mulher, se é cisgênero, lésbica-macho, lésbica-fêmea, se é tudo ao mesmo tempo agora, trans em trânsito de uma situação a outra. Por isso, vamos nos permitir usar uma referência conhecida: no caso da traição de uma mulher, o marido sempre será o último a saber; na mão inversa da sacanagem, se a traição vier por parte do homem, a mulher será a última a saber.
Nossos pesquisadores estavam interessados em descobrir mais sobre a distância que se cria entre um fato e a percepção ou conhecimento desse fato por parte dos envolvidos, particularmente quando prejudicados. Porém, antes disso, nossos pesquisadores acharam que tinham que considerar algumas questões, por exemplo: suponha, leitor, que a mulher até desconfie que o marido esteja traindo (pelo horário que está chegando em casa, um certo perfume que você não reconhece, mas, sobretudo, pela satisfação estampada no rosto, ele anda muito serelepe para quem está casado!), mas, sabe como são as coisas: o traidor não deixa faltar nada em casa, contas pagas, criançada na escola, geladeira cheia, férias no exterior, carro novo de 2 em 2 anos … deixa quieto, mulher! Mesmo porque, se a amante deixar de ser amante do marido, esse vai voltar a procurá-la, e você não está mais interessado nele, nem no jeito com que ele faz as coisas.
Além do quê, quem seria ela, mulher, para reclamar do marido?! E ela é alguma santinha?! Não é ela quem também está de caso com o bonitão do serviço, mais novo que o marido, mais antenado, se veste melhor, tem gosto estético mais apurado, fala inglês (até morou um tempo na Nova Zelândia), fez uma parte da pós-graduação na Califórnia, largou mas chegou a fazer um tempo de análise, entende melhor as necessidades de uma mulher que mesmo traída não dá para se separar do marido (sabe como é? Tem dinheiro envolvido, casa na praia …). Além de outro quê: a mulher sabe que ela não é a única número 2 dele, talvez seja a número 3, ou a número 4 (ele tem muita testosterona), mas vai jogar isso na cara dele? Pra quê?! Nossos pesquisadores usaram desse artifício (bem real, que nós também não somos nada santos, nós, maridos e esposas de uns e umas, de outros e outras!) para tentar entender se a realidade não seria no final das contas uma estraga-prazeres que não suporta ser a outra, não tendo nada melhor a oferecer!
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
Canis Circensis – Copyright 2024 – Políticas de Privacidade