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A verossimilhança de Deus confunde

O Homem é o protagonista da própria história? Curto e grosso, era isso que queriam saber nossos pesquisadores. Neste aforismo, eles não incluiram a possibilidade, aventada por muitos, de que a sociedade e seus mecanismos infernais fazem do homem gato e sapato. Não: aqui, buscava-se entender se o homem seria não mais do que um marionete nas mãos divinas, sendo Deus quem o homem quisesse que Ele fosse. Pois foi justamente aqui, no ponto de partida da pesquisa, que nossos pesquisadores perceberam o tamanho da encrenca. Vamos lá.

Inspirados em estudos das mais diversas religiões, nossos pesquisadores partiram da hipótese de que o Homem é a contrapartida de Deus. Não puderam eles reconhecer quem seria o principal responsável por essa tentativa de aproximar os dois: se quem tem a ganhar com isso, ou seja, o Homem, querendo ser mais do que é, ou se quem tem a perder com isso, ou seja, Deus, querendo ser menos do que é. (Eles têm uma opinião sobre quem está querendo levar vantagem com essa comparação). O que nossos pesquisadores apuraram é que se um quer se parecer com o outro (seja quem tenha sido o iniciador dessa comparação cuja pretensão não tem tamanho) é porque pensou existir entre eles alguma verossimilhança, tipo assim, a imagem com o espelho (pode ser ao contrário também). Mas, na ânsia de sair bem na foto, o Homem levou a busca dessa verossimilhança longe demais, o que acabou fazendo com que ele procurasse Deus onde deve e sobretudo onde não deve, e o principal lugar é dentro de Si mesmo (o único lugar em que o Homem acha que está em casa).

Nossos pesquisadores estão estudando as respostas da pesquisa, mas levantaram uma primeira hipótese: se Eles estão procurando é porque ainda não encontraram, mesmo depois de milênios de busca – raros são os bons sherlocks. E se não encontraram não é necessariamente porque Deus não existe (hipótese simpática a muitos), nem porque estariam procurando no lugar errado (o próprio umbigo), mas por um motivo muito do singelo: na verdade, o Homem não está tentando comparar-se a Deus, aquele Deus, mas ao único Deus que Ele conhece, este Deus-próprio.

A pesquisa ainda prossegue, mas nossos pesquisadores trabalham também com a possibilidade de que este aforismo só poderá ser elucidado quando o Homem fizer a si próprio a mais cândida das perguntar: quem o homem quer que Deus seja?

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