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Autoconsciência não é o que eu penso,
mas o que eu penso do que ele pensa que eu penso

E a chuva de ovos e tomates continua. Porque, se há alguma coisa de que 99% das pessoas se orgulham não é só a condição de possuidores de consciência, mas sobretudo de autoconsciência. Olha só o tamanho da pretensão. A coisa seria assim.

A autoconsciência seria uma capacidade única e extraordinária, que “bateria o martelo” de forma justa e coerente em relação a tudo, todos e todas as coisas. Mas, como confiar em um processo no qual o réu decide sobre sua inocência ou culpabilidade? Não parece pretensioso demais? Não parece aquele tipo de garantia pela qual o vendedor ilegal de uísque garante a pureza do produto que está vendendo? – como não somos preconceituosos por aqui não indicamos nenhuma nacionalidade em particular como particularmente responsável por esse tipo de fraude.

Quando começaram a especular sobre o tema, nossos pesquisadores partiram de outro ponto de vista. Como o ponto de vista convencional, que mencionamos acima, parecia óbvio demais, eles pensaram no seguinte: e se a autoconsciência não fosse essa condição gloriosa que os 99% dos pensantes (aqui, por pensantes, estamos considerando aqueles que, pelo fato de acharem que pensam, pensam que pensam) acham que é. E se essa condição – a autoconsciência – não fosse apenas um “nome” bonito para esconder uma condição bem mais simplória e precária? Porque parece bem óbvio para aquele 1% que de fato pensa (você, leitor Canis&Circensis!) que o que os 99% restantes pretendem é que a autoconsciência seria assim uma condição-xampu, de tipo neutro, para não machucar cabelos sensíveis e pele idem. Assim, o resultado a que ela, a inatacável autoconciência, chegaria seria de dar inveja e fazer corar o mais impoluto dos juízes, o mais justo dos julgadores, absolutamente incapaz de qualquer delize; incapaz de cometer qualquer injustiça, a mais mínima que fosse.

Como não gostamos de provocar polêmica – longe disso! -, apenas sustentamos brevemente que, por autoconsciência, essa gente toda na verdade está se referindo a uma condição que, com coragem, pode ser constatada com dois dedos de prosa com eles: essa condição é a que dá título ao Aforismo, lá em cima.

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