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Com Deus me entendo eu

É possível ao homem relacionar-se diretamente com Deus, ou essa relação teria que ser necessariamente mediada de alguma maneira? Se sim, de que maneira e em que medida? Ao deixar de se relacionar com Deus através de algum canal estabelecido, o que ganha o homem e o que perde com isso esse canal?

Tentando entender todas essas questões presentes nesse aforismo, nossos pesquisadores estavam na verdade tentando entender uma situação, aliás, presente nas duas condições: seja diretamente, seja indiretamente, em que medida, caso a comunicação exista, podem homem e Deus se entenderem? Em qualquer um dos casos, comunicação direta ou indireta, nossos pesquisadores queriam entender se a modéstia e a precariedade dos recursos e capacidades humanas não complicaria enormemente o entendimento do que quer que estivesse sendo comunicado, a ponto mesmo de inviabilizar totalmente esse entendimento? E, se, para não ofender, o homem sustentasse que estaria entendendo tudo, principalmente quando não estivesse entendendo rigorosamente nada? Para não ser chamado de burro, o homem não poderia estar dizendo que ouve uma voz que não seria outra senão a sua própria? Nossos pesquisadores levantaram outra hipótese: pretensioso que só, o homem se sentiria orgulhoso de si e de suas proezas, e ter Deus como interlocutor seria das proezas uma das maiores, se não mesmo a maior.

Assim, seria mostra de suprema inteligência ouvir e entender o que diz Deus. Mal comparando, seria como se um asno discutisse física com Albert Einstein de igual para igual, ou que uma formiga se nivelasse com Isaac Newton em inteligência. Em todos esses casos, seria possível falar de comunicação?

Nossos pesquisadores levantaram outra hipótese. Não é novidade para ninguém que estamos, e não é de hoje, em clima de descrença total, basta ver o número de fiéis que deixam seus credos originais em busca de credos supostamente mais originais que os primeiros, que se perderam, dizem os segundos. Muita gente que abandona aquilo que para eles parece não mais do que letra morta acaba por fazer uma opção radical: não ouvir ninguém que alega que fala em nome de Deus, preferindo ouvir eles próprios o que diz Deus (não o que dizem o que Deus teria dito, que dizem eles terem ouvido diretamente do próprio Deus, Ele em pessoa).

Esses pensam assim: se nós não somos surdos, por que não ouvimos nós mesmos, com nossos ouvidos e orelhas pontudas, diretamente? Por que há orelhas eleitas? Se nós não queremos que façam de penico nosso ouvido, ouçamos, então!!!

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