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Fome não é coisa que se satisfaça com (mais) comida

A carência sempre fez parte da história dos homens. Historicamente, desde o começo sempre faltou de tudo: de caráter à comida. Fiquemos aqui apenas com a primeira. Imagine, por exemplo, um grupo de Neandertais tentando caçar um mamute para alimentar o bando. Mamute, um bicho grande, cheio de carne e gordura, mas arredio e com um chifre mortal. Não seria nada difícil que a caça não desse em nada – sobreviver ao mamute já seria lucro. Resultado? Fome naquele e em muitos outros dias.

Os mamutes deixaram de existir, não a fome. Quando o homem deixou de ser nômade e se estabeleceu, começou a era da agricultura. Aí, entre intempéries climáticas, que acabavam com a produção, e patrões gananciosos, que ficavam com o resultado da colheita, as panelas continuavam bem vazias. Assim, como você acha que nossos ancestrais e antepassados acordavam manhã após manhã diante da perspectiva de mais um dia de fome? Um dia de fome deixava sequelas no estômago vazio. Uma vida de fome deixou sequelas nos neurônios.

Duvida?

Hoje, não é mais necessário se arriscar a perder a vida caçando mamute para comer, mas, ao menor sinal de que alguma coisa pode vir a faltar no estômago, tome bolachinha, biscoitinho, macarrão instantâneo, lanchinho, suquinho, balinha. A luta pela vida continua existindo: antes, o campo de batalha estava nos espaços abertos onde estavam mamutes e outras iguarias; hoje, está dentro do corpo, no qual o coitado do estômago, sem um momento de descanso entre um salgadinho e um docinho, tenta digerir kilos de junkie food altamente condimentada.

Incomodados com esse estado de coisas, nossos pesquisadores pensaram o seguinte: boa (a minoria) ou ruim (a maioria), comida hoje não falta. Se não falta comida, falta o quê? Comendo como estamos comendo, que fome estamos saciando?

Fome é só de estômago?

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