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Média aritmética é equilíbrio?

1 + 2 = 3. 3/2 = 1,5. Com uma régua na mão, a operação ficaria assim: localiza-se o número 1; depois, o número 2; o ponto exatamente intermediário entre eles, sem pender para o 1, nem para o 2, é o 1,5. Pronto: achada a média aritmética! Não há a menor dúvida de que 1,5 é o ponto central entre o 1 e o 2.

Se o ser humano fosse um número, quem não gostaria de ser o número 1,5? Quer dizer: quem não gostaria de estar no centro do mundo? De ser o centro do mundo? De estar no centro das coisas?

Mas, esta constatação trouxe a nossos pesquisadores um questionamento preocupante: para ser o centro do mundo é necessário ser equilibrado? O próximo passo foi tentar descobrir concretamente se quem está no centro do mundo e de suas práticas seria uma pessoa equilibrada, portanto, uma pessoa de bom senso, qualidade muito apreciada por aqueles que concordam com a gente. O pano de fundo da reflexão era que tudo depende do equilíbrio: um prédio, uma casa, um navio em alto mar, um bípede (sendo um ser humano ou não), um quadrúpede, um ciclista, um surfista em meio a uma onda, um skatista em manobra, um avião em pleno vôo.

O primeiro campo que nossos pesquisadores tentaram estudar foi a política, em que descobriram a existência de muitas pessoas equilibradas, pessoas que procuram agradar gregos e troianos (há sempre mais votos entre quem não quer se comprometer com nada).

O segundo campo foi o mundo dos negócios, em que nossos pesquisadores descobriram a existência de muitas pessoas equilibradas, pessoas que não hesitam em fazer de tudo para acabar com a concorrência (geralmente usando procedimentos que ainda estamos analisando se são equilibrados).

O terceiro campo foi o do relacionamento homem-mulher, no qual nossos pesquisadores descobriram muitas pessoas equilibradas, homens que não hesitam em fazer da mulher objeto e mulheres que não hesitam em fazer dos homens seus provedores de tudo.

Nossos pesquisadores foram obrigados a se render à evidência: o ser humano, na política, nos negócios e no relacionamento amoroso, é um ser equilibrado, a julgar pelas respostas que eles mesmo deram às perguntas. Pensaram então nossos pesquisadores: e se perguntarmos aos psicopatas, que também querem ser o centro de tudo (o equilíbrio, portanto) eles responderão que são tão equilibrados como os normais?

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