O Sol se levantaria no horizonte de manhã, se dependesse da nossa crença nisso? Em outras palavras, se não quisermos que ele se levante, basta querer que amanhã o Sol não dará o ar da graça? Se estiver chovendo, é possível mandar a chuva embora dizendo: “Fora, chuva!”, ou, mesmo querendo, quem nisso crê terminará com as roupas molhadas? – para o exemplo funcionar, esqueça capa, galochas e guarda-chuva.
Nossos pesquisadores estavam tentando descobrir se a crença seria capaz de configurar a realidade querida. Na primeira rodada, a pesquisa estudou a relação da crença com os fenômenos naturais, como você pode constatar no parágrafo acima.
Em uma segunda rodada, nossos pesquisadores queriam saber a relação da crença no campo social. Nesse sentido, perguntaram: aquele emprego será seu (porque você assim crê), mesmo que o seu currículo defitivamente não o autorize a pensar dessa forma? – aqui também estamos considerando que você jogará dentro das regras do jogo e não está envolvido em nenhuma relação de nepotismo. Você chegará mais cedo ao serviço (porque assim você deseja) mesmo que o trânsito esteja completamente parado? Nossos pesquisadores puderam perceber pelas respostas a existência de dois grupos de pessoas, basicamente: aqueles que creem que a fé move montahas, como que pulverizando-as, dispensando assim o trabalho que teriam caso não contassem com a fé, mas apenas com braços, mãos, pás, picaretas, e mesmo retroescavadeiras e muita disposição de trabalho. O segundo grupo seria composto por aqueles que acham que cada um pode perfeitamente acreditar no que bem quiser, incluindo a existência de gnomos verdinhos habitando jardins e que políticos são, sim, seres honestos que só roubam porque o outro político começou primeiro e ele só estão se defendendo.
Nossos pesquisadores observaram a existência de um grupo, ou subgrupo, algo curioso. Para os representantes desta corrente, a única coisa na qual dá para colocar fé mesmo, mesmo, na qual dá para acreditar é em não acreditar em nadica de nada. Nossos pesquisadores chegaram mesmo a observar fanatismo nessa gente que se orgulha de não acreditar em nada, e que acha os crentes uns ignorantes.
Mas, pensaram nossos pesquisadores: ter fé na inexistência da fé não é uma forma de fé, e ainda pior, por que não ousa revelar seu nome?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
Canis Circensis – Copyright 2024 – Políticas de Privacidade