Que o ser humano não se responsabiliza por seus atos, principalmente pelas burradas, não é novidade para ninguém. Mas, sabe como é, leitor, não é muito agradável a turma ficar dizendo de si próprio que não passa de um nada metido à besta.

Nesse balaio de gatos (não de cachorros) que é a humanidade cabe de tudo em termos de ‘não é comigo’, é da conta do abreu, se ele não pagar, muito menos eu, não tò sabendo de nada. Das coisas mais simples às mais sofisticadas, parece ser uma regra – ‘o que é que eu fiz?’

Se isso aconteceu com você (pouco provável), nós entenderemos, mas quem quer que não tenha sido devidamente adestrado pelos Canis&Circensis já passou, deve ter passado, inúmeras vezes pela situação em que, diante de uma situação vista (não vivida) em que, descofortável com o que via, saia-se com aquela ‘vergonha alheia’. São tantas essas situações que não vamos dedicar espaço para descrevê-las.

Mas, perguntam-se nossos pesquisadores, do que há de se envergonhar nesse tipo de situação? Não parece nada razoável pensar dessa forma, concorda? Se não foi você que perdeu a dentadura ao dar aquela dentada no quebra-queixo; se não foi você que apareceu fantasiado de tucano em uma festa de fraque e cartola; se não foi você que deu de presente para o chefe uma camiseta regata tamanho P e ele pesa mais de 100 kg; se não foi você que levou um bolo de chocolate na festa em que só tinha diabético; se não foi você que agradeceu a fabricante de cerveja A, quando quem mandou os cascos para a comemoração foi a fabricante B; se não foi você que esqueceu o nome da homenageada da festa, ou pior, pronunciou o nome da maior inimiga dela; se não foi você que apareceu com a camisa do time de futebol adversário quando sua nova namorada estava te apresentado para o pai dela – se você não fez nada disso, tá com vergonha de quê, criatura? Ou você fez alguma dessas coisas? Se você fez anteriormente alguma delas, então até dá para entender sua vergonha, mas aqui, cá entre nós, algumas dessas coisas até que foram muuito engraçadas. Sem falar que, sendo humano, não pode haver vergonha maior e não é por isso que você vai ficar com a cara da cor de um tomate!