Todos nós sabemos que ciência com consciência já é difícil, mas ciência com moralismo, aí fica difícil inclusive falar de ciência. Mas, nossos intrépidos pesquisadors decidiram enfrentar mais essa dificuldade. Se todos (ou quase, ou a maioria, ou uma boa parte, uma parte menor, uma parte pequena, uma parte mínima, uma meia dúzia, uma meia dúzia de uns três ou quatro, enfim, alguém!) sabem que se os átomos servem para montar a estrutura da matéria, isso não significa saber que saibamos dizer a que interesses servem, a quem eles servem, se é que servem. Nos perguntamos: será que essa discussão importa? Ou será que as filigranas retóricas serão mais uma vez papo de cientistas malucos desconectados da realidade que querem entender?
Não é de hoje que os átomos estão criando e destruindo o mundo, mundos, quem sabe! Quer dizer: com eles não têm preguiça, greve branca, não tem essa de empurrar o serviço com a barriga. Só por aqui neste universo conhecido, é coisa de 15 bilhões de anos. Nos perguntamos: quem está há tanto tempo incansavelmente na labuta, trabalhando sem carteira assinada, sem fundo de garantia e assistência social, ainda precisa provar a que veio? Se precisa, faria diferença se são ateus ou, se creem, em que creem? Eles, os átomos, estão aí, pelo universo conhecido e sabe-se lá por onde, há bilhões e bilhões de anos e nós, que estamos neste planetinha há uns míseros milhares de anos, achamos que desde que a consciência deu o ar da graça para a raça humana se achar a última bolacha do pacote, há uns míseros 50 mil anos (tem gente que acha que isso ainda não aconteceu), nos achamos no direito de interpelar quem já dobrou o cabo da boa esperança um sem-número de vezes enquanto nós sequer saímos dos cueiros! Chegamos agora e já queremos sentar na janelinha?!
Certa ciência diz que os átomos, para fazer o que fazem com o altíssimo grau de competência com que fazem há tanto tempo, podem ser tudo, menos inconscientes. E se destroem, constroem ainda mais, incansavelmente, sem exigir hora extra, nem contar tempo de serviço para aposentadoria.
Enquanto não temos a capacidade de entender a engenhosidade desses incansáveis acrobatas cósmicos, nossos pesquisadores pensaram que os humanos bem que poderiam deixar a intolerância e o fanatismo de lado e pensar que, feitos como somos de átomos processados e reprocessados infinitamente, poderíamos agir, como eles, crédulos e os incréus, lado a lado.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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