Certamente, não seria no espaço de uma página que nossos pesquisadores esgotariam o pensamento de um pensador sobre quem já foram escritos bibliotecas e mais bibliotecas cheinhas de livros sobre sua obra. Por isso, eles observaram que, mesmo morto há milênios, continua mais vivo do que nunca. De fato, raros pensadores deixaram marcas tão profundas na cultura, mesmo, como é o caso, quando o tema pelo qual mais ficou conhecido não esteja localizado aqui embaixo, mas sobretudo lá em cima.
Platão, como se sabe, é o filósofo das ideias, ou seja, do mundo perfeito, bem entendido, da perfeição que significaria uma ideia, contraposta ao que dela restaria aqui na realidade, de resto necessariamente corrompida. Para Platão, o que conseguimos ver da realidade não passaria de uma pálida sombra do que seria o brilho de uma ideia, ideia que está presente na história da humanidade desde quanto foi posta em circulação pelo filósofo (e mesmo antes dele) e lá se vão mais de 25 séculos. A lista de platônicos, quer dizer, dos idealistas, é enorme. A ideia de ter um mundo onde as coisas são imutáveis, porque perfeitas, é uma boa ideia, reconhecem nossos pesquisadores. Assim, ela funcionaria como uma régua pela qual tudo seria medido.
Nossos pesquisadores, no entanto, estão cheios de dúvidas. Uma delas: alguém, em algum momento, teve acesso a tanta perfeição? Platão teve? Do que se trataria? Que cara ela tem? Outra dúvida: vamos falar a verdade, mas também não precisa ser assim nenhum filósofo para acreditar (platonicamente) na existência de um mundo superior, perfeito, e, permitam-nos o trocadilho, ideal. O que não seria superior ao mundo dos homens? Bagunçado do jeito que é o homem e seu mundo, até a casa da mãe Joana parece perto dele o supra sumo da ordem e da perfeição.
Mas, não importa, passados mais de 2500 anos da morte do filósofo do ideal (para muitos, o filósofo ideal), continua-se acreditando nele e em suas ideias sem exigir o mínimo de comprovação, à semelhança de um rei ou de um patrão, que não devem satisfação a ninguém. Nossos pesquisadores acham que essa é a posição ideal para que continuem incontestes ideias que, até segunda ordem, não passam de ideias. Algumas até muito boas, como as platônicas.
Essa, dos nossos pesquisadores, é uma ideia, concordam?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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