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Quem (não) crê nunca se decepciona

Quando os fatos não correspondem à crença, quem está errado, a crença ou o fato? Para tentar investigar os limites deste aforismo, nossos pesquisadores trabalharam com duas hipóteses, cada uma protagonizada por um grupo: o primeiro, cria; o segundo, não cria. Começando com o segundo grupo, nossos pesquisadores observaram que como não esperavam nada de coisa nenhuma, o que viesse seria lucro. Bem entendido: esse grupo se chateava com uma série de coisas, mas, segundo nos disseram, como o protagonista era o ser humano, custava a crer que não viesse coisa pior.

Em relação ao primeiro grupo, nossos pesquisadores no início se surpreenderam com o que apuraram. A primeira ideia era: quem crê, se decepciona, caso o objeto da crença não corresponda à crença. Mas, eles notaram que esse grupo costumava incluir pessoas apaixonadas, idealizadoras, românticas, artistas. Quando se tratava de pessoas religiosas, a resposta era um sonoro sim: sim, quem crê, nunca se decepciona. Mas, e se o objeto de crença foi diferente da crença que o originou? Nenhum problema: sempre havia uma explicação para superar a esquizofrenia entre a crença e o fato. Quando entre esses dois, crença e fato, há uma divergência, este último pode ser tratado como adversário de ultimate fighting, apanhando um bocado, coitado. Mas, o mais comum é o pobre do fato ser tratado como um ignorante, ou como desatento e, principalmente como ingrato. 

Quem é ele, fato concreto da vida, para ousar desafiar uma crença? Quem é ele, surpreendente e bailarino, para desestabilizar a solidez da crença de quem crê? Quem é ele, atrevido e inesperado fato concreto da vida, para desrespeitar a seriedade da crença de quem crê? Quem é ele, ousado fato concreto da vida, para tumultuar a seriedade e a serenidade da crença de quem crê? Quem é ele, provocativo fato concreto da vida, para colocar à prova a crença de quem crê? Quem é ele, ensolarado fato concreto da vida, para ousar jogar luz na crença de quem crê? Quem é ele, incontestável fato concreto da vida, para “afrontar” uma crença? Quem é ele, desamarrado fato concreto da vida, para decretar a própria liberdade sem pedir prévia e devida autorização da crença de quem crê? Morte à vida!

Longa vida à crença de quem crê!

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