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Se duvidar não impede de crer, por que crer impede de duvidar?

Entre nossos leitores, há gente de todos os interesses e desinteresses, inclinações e desvios, atividades e inatividades, crenças e não-crenças.

Então, em função dessa pluralidade, fizemos uma pesquisa com eles (não sabemos se você, o leitor que está lendo esse Aforismo nesse exato momento, participou da pesquisa) para tentar entender porque uma coisa é uma coisa, mas outra coisa não é outra coisa. Mais exatamente: quem crê está impedindo de duvidar? Ou pode-se continuar crendo mesmo que permeado de dúvidas? Ou uma mera dúvida, uma simples dúvida, uma duvidazinha de nada, já denunciaria que todo gigante tem pés de barro? Crer só seria possível de maneira absolutamente inquestionável, ou dá para continuar crendo, mas, sabe como é?, de vez em quando as coisas não são bem assim, então, bem que elas poderiam ser diferentes, só aqui pensando, não precisa me excomungar!

Observe, caro leitor, que aqui estamos nos referindo à crença em qualquer coisa: crença na vida depois da morte; crença de que o mundo foi criado por seres orelhudos; crença de que os brasileiros são melhores jogadores de futebol do que os argentinos; crença de que jiló é mais gostodo do que chocolate; crença de que arroz com feijão é melhor do que feijão com arroz; crença de que as elites só arrebentam com a vida dos pobres tendo em mente o melhor e o mais louvável dos sentimentos, que é fazê-los entender que a eles só resta fazer tudo-o-que-o-seu-mestre-mandar; crença de que tomada é sim focinho de porco; crenças e mais crenças de toda ordem.

Então, imagine, por exemplo, que passe na cabeça de algum pobre e desvalido a ideia de que as elites não são assim tão boas, nem tão generosas; que elas só querem mesmo é se encher de grana às custas da vida do dia-a-dia de quem trabalha de sol a sol; que ele, pobre e desvalido, não deveria ser obrigado a seguir as ordens de nenhum mestre – como ficaria essa relação entre crer e duvidar? O que você acha que as elites pensariam? Ou pura e simplesmente não pensariam coisa nenhuma e passariam fogo em que ousou pensar que as coisas poderiam (para não dizer mesmo que deveriam) ser diferentes?

Por exemplo: se nós cremos que você lê os Aforismos do Canis&Circensis, que gosta tanto do nosso trabalho, que vai até mesmo contribuir financeiramente, haveria alguma dúvida que você iria nos mandar uma grana imediatamente?

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